Tuesday, February 06, 2007

Sim...

...porque...
...actualmente, se uma miúda de 12 anos engravida (sim, isso acontece), não tem condições de fazer um aborto;
...a lei em vigor é discriminatória, pois quem tem dinheiro faz os abortos que quer (mete-se no avião para outro país e já está - limpinho), mas se uma mulher pobre com 8 filhos engravidar, não tem outra hipótese senão levar a gravidez a termo ou então recorre ao aborto clandestino, em condições precárias na maioria das vezes;
...a lei em vigor humilha as mulheres, expõe-nas em praça pública e obriga-as a pagar por algo que é um direito que lhes pertence;
...
Há imensas razões, e eu podia estar para aqui a falar nelas até mais não, mas não é o que pretendo. Referi estas porque me parecem as situações mais flagrantes. Não estou a defender o aborto. Acho que o aborto é algo horrível, absolutamente traumático, por isso só deve ser considerado em última instância, quando tudo o resto falha (sim, porque às vezes os métodos contraceptivos falham - mesmo quando são usados). Mas uma mulher que decide fazê-lo não pode ser condenada por isso. É uma decisão que só a própria pessoa, que conhece todas as condições que envolvem essa gravidez, pode tomar, e não deve ser o Estado a decidir por ela. O que está em questão neste referendo não é a moralidade, não é se o aborto é certo ou errado, se deve ser feito ou não - apenas se refere à posição do Estado relativamente à pessoa que decide fazê-lo: se deve continuar a proibir ou se isso deve acabar.
E a resposta parece-me muito simples...o Estado não tem o direito de intervir numa questão que deve ser decidida por cada um.
Por muitas dúvidas que o aborto me possa suscitar, não consigo ir contra os meus princípios concordando com uma lei castradora...não consigo ir contra aquilo que sempre defendi: a liberdade. É disso que se trata, e é nisso que vou votar, na liberdade de escolher.

3 comments:

Anonymous said...

Deputada do PS ataca Sócrates !

"José Sócrates demonstrou desespero ao afirmar que apenas a vitória do «sim» permitirá alterar a legislação sobre o aborto.

No nosso entendimento, a actual lei é equilibrada e pondera os interesses da mãe e da criança. A nossa proposta não pretende alterar o Código Penal, mas o Código de Processo Penal porque o que queremos é que os juízes apliquem o que já têm disponibilidade para fazer.

O juíz pode sempre suspender um processo em todos os crimes em que a pena de prisão seja inferior a cinco anos e, no caso do aborto, a pena é de três anos.

Não queremos acabar com a actual lei, antes pretendemos que ela seja aplicada de uma forma sistemática.

«Se o verdadeiro objectivo fosse mesmo evitar a prisão das mulheres que fazem aborto, a questão resolvia-se com a nossa proposta.
O verdadeiro objectivo do referendo é a despenalização do aborto e isso não tem o nosso acordo."

Teresa Venda (deputada do PS)

Mercurya said...

De facto, se a actual lei fosse aplicada como devia ser, não havia casos de mulheres cuja gravidez contitui um risco grave para a sua saúde a terem de ir abortar a Espanha.

A lei actual é obsoleta e hipócrita.

O Estado não tem o direito de penalizar uma mulher por tomar uma decisão que lhe diz respeito a ela própria, mais do que a qualquer outra pessoa. Só ela sabe as circunstâncias que envolvem essa gravidez e não é um juiz que a vai julgar pela decisão que tomar.

Ines said...

Concordo plenamente contigo!