A uma rapariga
Abre os olhos e encara a vida! A sina
Tem de cumprir-se! Alarga os horizontes!
Por sobre lamaçais alteia pontes
Com as tuas mãos preciosas de menina.
Nessa estrada da vida que fascina
Caminha sempre em frente, além dos montes!
Morde os frutos a rir! Bebe nas fontes!
Beija aqueles que a sorte te destina!
Trata por tu a mais longínqua estrela,
Escava com as mãos a própria cova
E depois, a sorrir, deita-te nela!
Que as mãos da terra façam, com amor,
Da graça do teu corpo esguia e nova,
Surgir à luz a haste de uma flor!...
Florbela Espanca
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